PERTENCIMENTO
deixe meu canto ecoar
deixe eu me permitir delirar
deixe minha alma livre sentir
deixe-me aqui
deixe meu sonho voar
deixe- me no verde das sumaúmas
deixe, o aroma, o sabor da beira fluir
deixe-me aqui
deixe o meu linguajar
deixa meu corpo, melodycamente, bailar
só não me deixe se a chuva cair
vem, fique aqui
sou fruto do barro
da terra molhada de orvalho
sou raiz, sou tronco, sou galho
minha sina é me embrenhar
é mergulhar de cabeça em tuas marés
é ser procissão, culto, fé
ser devoto de Maria e Nazaré
então, meu irmão
deixe-me aqui
sou pássaro sagrado fincado no chão
deixe me aqui
até que eu possa velejar, entre garças e urubus, na sublime nau de miriti
Ah, deixe-me aqui.
chg
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