domingo, 1 de janeiro de 2017

PERTENCIMENTO

deixe meu canto ecoar
deixe eu me permitir delirar
deixe minha alma livre sentir
deixe-me aqui

deixe meu sonho voar
deixe- me  no verde das  sumaúmas
deixe,  o aroma, o sabor da beira fluir
deixe-me aqui

deixe o meu linguajar
deixa meu corpo, melodycamente, bailar
só não me deixe se a chuva cair
vem, fique aqui

sou fruto do barro
da terra molhada de orvalho
sou raiz, sou tronco, sou galho
minha sina é me embrenhar
é mergulhar de cabeça em tuas marés
é ser procissão, culto, fé
ser devoto de Maria e Nazaré

então, meu irmão

deixe-me aqui
sou pássaro sagrado fincado no chão

deixe me aqui
até que eu possa velejar, entre garças e urubus, na sublime nau de miriti

Ah, deixe-me aqui.

chg

Nenhum comentário:

Postar um comentário