MADRUGADA
é certo: ninguém é perfeito, muito menos completo
somos pedaços, num tempo único: vida
(opto por ser assim, repleto... provo tudo... tudo que me faz amar, sonhar, delirar, gozar ...)
nesta noite que me fecunda, sou o outro lado da lua
lá onde criaturas uivam, poetas labutam e a virgem é nua
é certo: em breve iniciarei minha descida
(não sei o exato momento... mas já é tempo)
é tempo ...
de banhar-me com a melodia
de sentir o beijo do vinho, o carinho de um livro esquecido, de enamorar-se da euforia
é tempo de contemplar o olhar da puta
o vagar do ébrio, a lágrima da mãe que vela o menino
(hora de ser cúmplice do silêncio, amante do grito)
é tempo de não ter pressa
de estar só em meio a multidão, de saborear-se... mútua, intensamente
é certo: somos assim...
sóis que se põem, rosas que desabrocham
e poemas são assim: um nascer, um morrer, contínuos
assim, inesperados
- Silêncio! Veja a valsa das almas... Vês? Bolinam-se numa sinfonia de gemidos, de palavras desconexas, arranhões, lambidas, mordidas.
- Escute! São passarinhos festejando a manha...
É certo: há riso na gota de orvalho que despenca de ti
(líquido que lava meu solo enrugado)
É certo: poetas são assim, sem motivo... Sem explicação, apenas são...
(operários da palavra, parteiras de verso ...)
Digo-te inspiração, o dom sagrado de fazer do verbo – e no início era o verbo – a exuberante flor de jade.
Maria das Dores
sexta-feira, 14 de março de 2014
Já morri... E sei que é bom morrer. Morte é a perda definitiva da consciência. É o "não ser" que tanto angustiou o jovem Hamlet. Quero viver, intensamente. Não creio em vida após a morte. Parto é um início, vida é um processo e morte é um fim. Mas, se por acaso, depois dessa vida, houver houver uma outra vida, terei uma grata surpresa. No entanto, se nada mais houver, não me frustrarei, pois não terei tempo - e não existe tempo pós morte - para me arrepender, pois, antes, terei findado minha breve existência. chg
dar-te-ei flores
em seu ramos, talos, odores
dar-te-ei flores
com perfumes, formas, cores
dar-te-ei flores
com raízes fincadas ao solo, em frios e calores
dar-te-ei flores vivas
não flores cadáveres, mortas, arrancadas da vida, mas vivas-flores
flores... ... flores que crescem, que murcham, depois florescem
flores... ... flores que cultivam sorrisos, desnudam corpos
... dar-te-ei flores, natureza que alimenta amores.
chg
em seu ramos, talos, odores
dar-te-ei flores
com perfumes, formas, cores
dar-te-ei flores
com raízes fincadas ao solo, em frios e calores
dar-te-ei flores vivas
não flores cadáveres, mortas, arrancadas da vida, mas vivas-flores
flores... ... flores que crescem, que murcham, depois florescem
flores... ... flores que cultivam sorrisos, desnudam corpos
... dar-te-ei flores, natureza que alimenta amores.
chg
... úmida manhã ...
meu corpo tomado de manha
- sofregamente -
espreguiça-se
as horas traçam seu caminhar cíclio
- pausado, sem pressa -
e as gotas do tempo pintam vitrais na janela
... lá fora, a vida é gris ...
meço cada movimento
o sentimento: saudade
o pensamento: a última tarde
ardíamos
a língua se contorcia em cólera
à flor da pele, o desejo
a língua da lua nos lambia ... um beijo
É meio dia.
(chove, fora e dentro de mim. . .)
chg
meu corpo tomado de manha
- sofregamente -
espreguiça-se
as horas traçam seu caminhar cíclio
- pausado, sem pressa -
e as gotas do tempo pintam vitrais na janela
... lá fora, a vida é gris ...
meço cada movimento
o sentimento: saudade
o pensamento: a última tarde
ardíamos
a língua se contorcia em cólera
à flor da pele, o desejo
a língua da lua nos lambia ... um beijo
É meio dia.
(chove, fora e dentro de mim. . .)
chg
Hoje, 08 de março, sinto um misto de tristeza e felicidade. Triste, porque seria aniversário de meu saudoso pai que partiu abrindo um vazio imenso em meu peito. Feliz, porque parte desse vazio foi preenchido pelas mulheres da minha vida: minha mãe, minhas irmãs e minha companheira Gorette Figueiredo.
Ao meu pai, minha eterna paixão. Às mulheres, flores e amores.
Ao meu pai, minha eterna paixão. Às mulheres, flores e amores.
Sou contra o uso de games violentos por menores de 14 anos.
Explico:
Quando o Ícaro, meu filho mais velho, tinha 8 anos, brincávamos juntos de GTA, um jogo violento que você bate, rouba e mata para avançar no jogo.
Eu acreditava que com meu acompanhamento e minha orientação pseudo-pedagógica ele conseguiria distinguir a ficção da realidade.
Conversava com ele sobre violência, sobre o perigo das armas, sobre honestidade, etc. Achava que ele estava compreendendo, até que, numa manha de domingo, ao sairmos do supermercado, o Ícaro disse:
- Papai, olha aquela moto bonita, rouba um terçado no mercado, mata o motoqueiro e fica com a moto pra você.
Sou contra os games violentos.
chg
Explico:
Quando o Ícaro, meu filho mais velho, tinha 8 anos, brincávamos juntos de GTA, um jogo violento que você bate, rouba e mata para avançar no jogo.
Eu acreditava que com meu acompanhamento e minha orientação pseudo-pedagógica ele conseguiria distinguir a ficção da realidade.
Conversava com ele sobre violência, sobre o perigo das armas, sobre honestidade, etc. Achava que ele estava compreendendo, até que, numa manha de domingo, ao sairmos do supermercado, o Ícaro disse:
- Papai, olha aquela moto bonita, rouba um terçado no mercado, mata o motoqueiro e fica com a moto pra você.
Sou contra os games violentos.
chg
enquanto o monstro se avoluma...
... e cresce em meu interior
faz-me hospedeiro do mal
- útero da dor -
eu mastigo o silêncio noturno
seduzo o pior dos pesadelos
... não me dou por vencido
sufoco a cólera
faço do grito gemido
e então:
confesso-me à velha puta
- amante da madrugada -
para que deite comigo...
... deite, fôda e goze em meu ouvido.
chg
... e cresce em meu interior
faz-me hospedeiro do mal
- útero da dor -
eu mastigo o silêncio noturno
seduzo o pior dos pesadelos
... não me dou por vencido
sufoco a cólera
faço do grito gemido
e então:
confesso-me à velha puta
- amante da madrugada -
para que deite comigo...
... deite, fôda e goze em meu ouvido.
chg
ENCONTRO TARDIO
desperdiço meu breve tempo com mundos vãos
sei, sou cruel, mesquinho e vil
(uma vida de égua no cio)
vocifero minhas
realizações, conquistas; meus feitos
oculto meus crimes, delitos, defeitos
desejo a carne
beijo a pele, cuspo na cara
sou apressado
frio, esnobe; refém da tara
quero ser tudo
quando sou nada
um esgoto entupido, um ébrio adormecido
cego, surdo e tagarela
queimo de impaludismo, malária, febre amarela
fugi de mim
mergulhei nas sombras
sei: não me pertenço...
não me pertenço
e sei da fragilidade dessa existência
compreendendo que sou um cristal que não soube brilhar
e que se partiu
e que partiu.
(os cacos, a chuva varreu)
chg
desperdiço meu breve tempo com mundos vãos
sei, sou cruel, mesquinho e vil
(uma vida de égua no cio)
vocifero minhas
realizações, conquistas; meus feitos
oculto meus crimes, delitos, defeitos
desejo a carne
beijo a pele, cuspo na cara
sou apressado
frio, esnobe; refém da tara
quero ser tudo
quando sou nada
um esgoto entupido, um ébrio adormecido
cego, surdo e tagarela
queimo de impaludismo, malária, febre amarela
fugi de mim
mergulhei nas sombras
sei: não me pertenço...
não me pertenço
e sei da fragilidade dessa existência
compreendendo que sou um cristal que não soube brilhar
e que se partiu
e que partiu.
(os cacos, a chuva varreu)
chg
?
... se esse sou eu?
talvez...
... sou aquilo que cada um quer que eu seja...
e o que sou para mim, creio que só a mim interesse...
... e se não respondi
- posto que sou vago -
pergunte a si mesma ...
sou suspeito para falar de mim.
(olhos nos olhos, desejou que soubesse, pelo olhar, ler almas... Sabia que na alma encontram-se todas as respostas, todas as verdades)
chg
... se esse sou eu?
talvez...
... sou aquilo que cada um quer que eu seja...
e o que sou para mim, creio que só a mim interesse...
... e se não respondi
- posto que sou vago -
pergunte a si mesma ...
sou suspeito para falar de mim.
(olhos nos olhos, desejou que soubesse, pelo olhar, ler almas... Sabia que na alma encontram-se todas as respostas, todas as verdades)
chg
PEDRINHO
Na rigidez
do mundo adulto
Pedrinho catava invisíveis brinquedos
colhia flores
criava vidas, cantigas e folguedos
Fazia caminhos, castelos e paisagens
desenhava vidas
seres fantásticos
valentes personagens
Viajante do universo
Pedrinho,
erguia o lápis espada
cortava o sol papel
e no céu,
reinventava a vida em verso
E, não a toa...
destruía a terra dos grandes
fabricava um mundo fabuloso
onde chatice era passado
e criança voa, voa, voa...
chg
Na rigidez
do mundo adulto
Pedrinho catava invisíveis brinquedos
colhia flores
criava vidas, cantigas e folguedos
Fazia caminhos, castelos e paisagens
desenhava vidas
seres fantásticos
valentes personagens
Viajante do universo
Pedrinho,
erguia o lápis espada
cortava o sol papel
e no céu,
reinventava a vida em verso
E, não a toa...
destruía a terra dos grandes
fabricava um mundo fabuloso
onde chatice era passado
e criança voa, voa, voa...
chg
IDOLESCER
(Para Dona Orcinda)
quero minha face cortada pelo tempo
quero minhas mãos trêmulas de lida
quero os cabelos brancos refletindo as tardes
quero errar teu nome e falar das profundezas do ser
quero um olhar distante a contemplar amores idos
quero meus delírios da idade
em recitais de lembranças e saudades
quero-me velho para contar-lhes histórias
para orgulhar-me do meu viver longevo.
chg
(Para Dona Orcinda)
quero minha face cortada pelo tempo
quero minhas mãos trêmulas de lida
quero os cabelos brancos refletindo as tardes
quero errar teu nome e falar das profundezas do ser
quero um olhar distante a contemplar amores idos
quero meus delírios da idade
em recitais de lembranças e saudades
quero-me velho para contar-lhes histórias
para orgulhar-me do meu viver longevo.
chg
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