quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

... porque tenho sido sombra
                                        e sobra.


minha flor do peito, há dias, não desabrocha


o que disseram a ela, cortou sua língua


pois é... ando meio a míngua


carente de silêncio e solidão
em meio a tanta gritaria e a insensível multidão


como seria bom um encontro comigo mesmo
como seria bom abrir meu relicário de risos passados
como seria bom um chá com meus anjos - há tempos, calados


(o passarinho que cantava em minha janela, hoje, não apareceu... Teria morrido ou, também, deixou de me amar?)


chg

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

um desejo
                   - um único -

: SAIR ...

seguir feito reticências 
feito três pedras do caminho que nos levam para longe

infinitamente ...

chg
... o que me fora ágora
                  agora, me é claustro ...

chg
por ter implodido, gritava - inerte

o peso de seus escombros o fazia paralítico

: um túmulo de carne.



(... e fez da alma poeira))

chg
preciso da insanidade dos palcos, da tinta da pena
                                                     dos actos do bardo

da cura para as dores das chagas de tamanha lucidez 

| - Oh, abram as cortinas de toda estupidez! |

deixem-me entrar
deixem-me embriagar
deixem-me com o meu delírio a derramar

sou monólogos
           diálogos
solilóquios 

| - soy un loco! | 

fujo desse brilho de realidade 

dessa luz

que me cega
que me enterra
            encerra.

chg
há surras que não marcam o corpo
                              marcam a alma
                              matam

há feridas que sangram por olhos
                                       dor líquida
                                             límpida 

há partidas silenciosas, imersas em gritos.

(ninguém me ouve, ninguém me houve)

chg


: afio a lâmina do meu verbo na pedra de tua indiferença.

                                                                                     chg
ando cabisbaixo ...
ando a procurar...

ando por aí...

ando assim
                    sem rumo
                                     sem sentido 

não sinto onde piso

| - onde terei me perdido? ... onde deixei cair meu riso? |

chg

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015


e
vem em ondas violentas

e
explodem em meu ventre

espuma fel na boca
rubro frio nos olhos

(há gosto de sangue na língua)

a carne treme...

(há hálito de morte na boca)

a pele queima...

um fosso
um louco 

(febre)

não há mais disfarce que caiba minha cólera.

chg
atiro minhas pedras de palavras 

| guerra mundo bits - mode on |

acerto o peito do gigante midiático

| : - sou Davi! |

sou combatente dessa Intifada em rede 

muitos, somos um imenso rubro
incansáveis, guerrilheiros virtuais

- venceremos!

chg
no ar,

um perfume de flor
                      : flor da pele

                        odor... : o cheiro dos nervos

(teus espinhos sangram meu solo estéril)

chg
queria saber ...
                     ( - e poder - )
                     ... escrever 

... as confusões
... as confissões  

                 ( - contradições - )

... do homem que me habita.

           (- e suas convulsões? - )

chg
mergulhou 
          de cabeça na pessoa
                               e morreu .

(rasa, superficial, somente tinha pedras no fundo)

chg

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

paradoxalmente,
             |vazio|
              padeço da dor de não conseguir desaguar
                                           afoga-me esse sofrer.

                                                                    chg
ainda que me empenhe para colocar para fora
o ácido se acumula em mim, me enche de cólera
faz os olhos ferverem, o peito apertar e a boca secar

sinto como se estivesse deitado em meu fúnebre leito
com o corpo esquálido e carcomido
como se me restasse apenas uma porção de ar

não há forças nos braços
nem grito na garganta
há um desejo da alma de abandonar a carne

teimo em não reagir
em ficar imerso nas sombras que me assombram
no buraco em que me escondo e que me devora

minhas ruínas são feitas de frustrações
loucuras, berros e uma intermitente escuridão
feitas das cinzas de um fênix que morreu no ventre

os corvos me contam suas aventuras amorosas

... eu tenho sono.

(perdera seu punhado de sonhos na última queda)

chg

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

NÁUFRAGO 

sangrei por não saber singrar
afundei nas linhas de um página

marinheiro de primeira linguagem
naufraguei nos temporais de indiferenças tantas

sou sobrevivente da  tempestade
agora, flutuo agarrado em três paus de versos sem rima

e nesses mares calmos, bebo a última gota de palavra que trazia na língua

(- poema a vista!)

tarde de mais.

chg
inexorável vontade de engolir palavras

letra por letra
                   silaba por silaba

levá-las ao âmago da alma

e, lá, recompô-las em versos
                                           rimas
                                                  sons
                                                        formas ...

torná-las palatáveis

extrair, delas, o irresistível néctar dos loucos e dos amantes suicidas.

                                                                    (inseticida de Kafka)


chg

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015


em mim
silêncios ensurdecedores

                                  chg.
já não suporto os gritos que povoam meu peito

já não tolero os silêncios que enchem minha boca

já não aguento as lágrimas encarceradas em meus olhos

: sou um escombro.

agradeço ...
aos ratos, pela visita
ao fungos, pelo carinho

(vida vil, mundo vão... solidão)

chg

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

e me ponho a vasculhar as gavetas da memória 

a procurar imagens perdidas num tempo distante


é quando o vazio me preenche; o passado se faz presente


... e num instante, 


saudade é matéria, lembrança é toque ... 

... e eu: do tempo, viajante.

(asas do derradeiro beijo)


chg
quando a luz apagar,
servirei, aos vermes, meu corpo frio.

a vida: 
tão efêmera 
... quanto as chamas das velas  que  ardem na última madrugada
... quanto a umidade das lágrimas que caem na última despedida

chg