sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

PÉS ROXOS

morro
no corpo..
. onde
moro.

(n'um dia, paixão; n'outro, frio caixão)


chg
palavras me seduzem...

têm olhares fatais
que molham a língua
que fazem tremer a mão
que deixam a pena ereta

o pensamento perde o chão...

nesse dia
apaixonei-me por "Dinastia"

quero levá-la para a página
e cobri-lá de versos
amá-la, noite e dia ... a devoraria.

chg
Hoje, quero toda poesia. Quero versos, verbos e sonetos. Hoje, quero a palavra em minha boca, em minhas mãos, em meu peito. Hoje, quero trovadores, poetas, cancioneiros. Hoje, quero o belo, o sutil, puro. Hoje, quero o alívio das dores do céu ao perder seus azuis. 

Ah, como quero.

chg
DUETO

somos um só
: um belo poema de amor

um poema ...
... que não se escreve
pois não há mãos tão precisas

... que não se imagina
pois não há corações tão intensos

... que não se toca
pois não há almas tão brilhantes

um amor não impresso, não ilustrado, não contado...

um amor só: imenso, intenso, imerso...

um belo poema, de um só verso

um só...

: nos dois.

chg
estará em mim 
envolta por minha alma
até meu derradeiro gemido

até que a fria terra me consuma...

ainda assim
serás perfume da flor 
que, do meu solo, brotará...

sei, a vida finda
mas, és infinitude...

(não haverá ponto final... o sentimento é reticências)

chg
é quando...

o silêncio grita
a garganta seca
o peito dispara

... o tempo para ...

para, para

(eis a gênese da saudade, filha da partida)

chg
Pedro: pai, Papai Noel existe?

Eu: existe, meu filho. Eu e sua mãe trabalhamos para comprar seu presente e o Papai Noel, que é um homem invisível chamado imaginação, vem entregar.

chg
o tempo
me consome
me come
e some

o sono
me consola
me amola
acalma

o sol
o sonho
o som
e só.

(confuso...)

chg
ando
a procura
do que não perdi
d'um eu caótico que habita em mim

caminho sem fim

chg
ainda cria
que, quando partia, olharia
uma única vez
para trás

não ocorreu

o abismo o devorou.

(por falta do derradeiro olhar, morreu)

c
h
g
o silêncio da noite
teima em gritar, em afugentar meus sonhos

grita e dança em meio aos pesadelos que me espreitam

(canto cantigas de ninar para meus fantasmas)

o dia tarda, anoiteço.

ch
g

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

... entenda: almas não envelhecem...

c
hg
DA ENVELHESCÊNCIA

para que o doce do fruto desabroche, a casca envelhece, amadurece...

assim somos.

quanto mais velho o corpo, mais doce a alma.

ch
g
... é o toque da pele da terra
... e o toque dos lábios da chuva...
... que fazem a planta florescer

ainda que te enamores da alma-amor do sol,
ele te secará, matará por incompletude.

(vida cíclica, cadeia de contatos, que se renova, se alimenta no toque sublime, divino...)

chg

sábado, 26 de outubro de 2013

sou ser
[sumo]

consumo o tempo
o tempo me consome...

em resumo: sou; depois, sumo.

chg
AUTÓPSIA 

há que me rasgar as carnes
arrebentar meus músculos
derramar minha alma 
para saberes o que sou

há que me escavar o peito
romper as artérias
beber meu sangue
para saberes o que sou

há que me furar os olhos
lamber as lágrimas
morder meu falo
para saberes o que sou

há que me matar para saberes o que fui...

chg
poesia...
é uma rede na varanda da página
onde me   e m b a l o   em vigília.

chg
paixão: ...

é

... como se lambesse meu coração.

chg
há dias que estou sapo;
... os outros, mosquitos

aproxime-se
e te engulo...

pulo
pulo
puto

chg
sou noventa e nove porcento amor; um porcento, ódio. ...

quando um porcento explode

, foge!... ou te fode

sou cem porcento violência ...

(eis minha freqüência)

chg
quando
, da lágrima,
o
sal dá de...       ... arder


: saudade .

c
h
g
quando o peito trovejar
será, então,  tarde demais
não verás, jamais, minha face chover

... serei inverno , intermitentemente...; a primavera, utopia.

(o último beija-flor partiu)

chg
CTRL+ALT+DEL

somos carne e osso

(... e alma)

não somos constituídos de séries binárias

somos versos
e não 0101101010101010

morremos
... , não somos deletados.

chg
leve-me,
levo-te.

(leves, leves...)

chg
... se sei tão pouco de mim, como posso orgulhar-me do que sou... Sou uma existência em permanente descoberta, aberta ao mundo, às pessoas... Dentro de mim, há um universo a ser desnudado; um mundo que não cabe em mil livros. Mas que se revela no meu olhar mais sincero. 

chg
o espelho
traíra Narciso...

já não havia reflexo
perdeu seu aço
o mundo ficou nu
o belo partira

agora,

... a imagem é linha
(horizonte distante)

... a vida é vidro
... a vaidade, defunto

(o tempo acendeu tua primeira vela... durma.)

chg
mergulhado em mim...

(na mais exuberante profundeza)

... a vida parece ser um instante


: uma faísca
: um sopro


(inconseqüente)

... partícula na mão de Deus .

(o temporal se aproxima...)

chg
meus versos...

i n s t á v e i s
na madruga, uivam 
i  n  s  a  n o s

ora, uniVersos

ora, perVersos

c
h
g
há coisas que nos implodem.

(y mi ojos, rubros...)

chg
leia meus olhos...

perceberás que estou ausente
fugi para te procurar...

... e me perdi.

(deixei que os ratos tomassem conta de meu corpo frio)

c
h
g
caio 
na real

e

ergo-me. . .

após,
mergulho-me.  .   .

(profundezas abissais de mim)

chg
É.

não se escolhe, ocorre
- inesperadamente -
como o homem dourado de mar
a contemplar seus azuis

é assim...

não se escolhe, vem, invade 
- brutalmente -
como a roupa que se encharca de chuva
a desvendar corpos-fêmeas nus

bem assim...

não se escolhe, chega, sacode
- inconseqüentemente -
como o frio no pescoço no toque da língua
a arreganhar poros, sutil desejo

assim
sublimemente
como o primeiro beijo.

chg
moro em mim. 

sou alma de uma casa singela 
, de uma cidade que não amanhece... 

em minhas infinitudes noturnas
, milhares de espíritos vagam errantes...

... sou, de mim, um solitário viajante.

(homem nu que não perdeu o dom de sonhar com sua primeira aurora...)

chg

sábado, 12 de outubro de 2013

tantas
(e tentadoras)
as estradas que nos separam

segura minha mão
aperta bem firme
... te guiarei

(iluminada nossa estrada pelo brilho dos teus olhos, iremos)

do caminhar, quando cansares, te carregarei
e, então, haverá uma única estrada, sem encruzilhadas

seguiremos...

longe, muito longe
até adormecermos...

... definitivamente

... lado a lado

... as mãos dadas.

chg
quando tua flor 
,carne e pêlos, 
molha, a hora é chegada ...

... momento de penetrar, com meu punhal músculo, másculo, tua fenda encharcada

fazer vazar teu líquido 
em sussurro e gemido
no fio da lâmina da libido

até que os corpos, arfantes, tremulem na tempestade do gozo intenso...
então, seremos ser único, radiante, latejante, imenso

...após ,

nossa síntese: brilho, na retina; riso, nos lábios... lá fora, ainda caem, sublimes, as lágrimas da chuva fina.

chg
BREVE TESE SOBRE A VIDA E A MORTE

de repente,
não    és .

chg
quando pequenino
na mesa, brincava
viajava pelo espaço

a nave era o pão
a laranja, a terra

- a galáxia?

: farinha láctea.

chg
e se eu morrer,

e
n
t
e
r
r
e
m-me no âmago de um livro.

                      chg

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

AO DEUS TEMPO, AO CEU AZUL

... o tempo 
- insano - fizera caminhos paralelos
(dois, onde seria um; um fio, dois elos)

num caminhar simultâneo
sempre a desejara; sempre a desejaria
(clamor pelo tocar efêmero, filho da utopia)

duas linhas infinitas 
costuradas por sentimento
(feito palmas das mãos, em juramento)

corpos abertos 
almas expostas, vida 
(fenda na matéria, sutilmente, adormecida)

quisera fazer da via dupla caminho único 
passagem lírica, lúdica, onírica 
(trilha de flores, passarinhos, peixes multicores)

... então, com ela, desejara passear de bicicleta, livres, entre risos e olhares, e mergulhar, de cabeça, no sol poente...

tempo...

chg
- beija
         abraça
                  ama 

                   retenha-me!

(teus olhos, meus olhos
     corpos arfantes       )

... dize-me
(em sussurros)
no prenúncio dos gemidos
na margem dos     ouvidos
dize-me que me amas

... dize-me
e morro de morte feliz
findo-me de tanto querer.

chg

sábado, 5 de outubro de 2013

Minúsculas Crônicas de um Quase Fiscal da SEFA.

... foi então que a fiscal da prova começou a chamar as pessoas - pelo nome - para entregar o cartão resposta. 
... E, depois de alguns nomes, chamou: Jesus de Nazaré Dos Santos!
Ninguém respondeu.
Ele não estava entre nós. 
Pensei: se só Jesus salva e ele faltou,eu estou perdido.

chg
Minúsculas Crônicas de um Quase Fiscal da SEFA.

... para passar em um concurso público concorrido é preciso muito estudo e uma dose de sorte. 
Não deixa de ser uma loteria, eu sei...
Agora, pegar o cartão de resposta e começar a marcar como se fosse um bilhete lotérico é um abuso.

chg
Minúsculas Crônicas de um Quase Fiscal da SEFA.

Pela média etária dos concorrentes que fizeram prova na mesma sala que eu. deduzo que as pessoas não querem um cargo de fiscal; querem uma aposentadoria pomposa.

chg
Minúsculas Crônicas de um Quase Fiscal da SEFA.

... dois dias de provas... 
... uma hora para terminar tudo...
.... a cabeça inchada, as idéias confusas...
... deliro e começo a ouvir "aquela nuvem que passa", do Gilliard... Isso mesmo: Gi-lli-ar-de...
... alivio... a fiscal pegou um celular de dentro de um saquinho e o desligou...

(... mentalmente cantarolo: ... lá em cima, sou eu...)

chg
Minúsculas Crônicas de um Quase Fiscal da SEFA.

... Toda quinta-feira, eu gazetava aula do curso preparatório para o concurso da SEFA para ir jogar futebol (jogar futebol, para mim, é mais importante do que ganhar 8 mil por mês). 
Este ano já fiz 113 gols. 
- o que isso tem a ver com o concurso da SEFA?
Simples: se eu tiver a mesma sorte com chutes que tive no futebol na prova do concurso, serei aprovado.
- gooooool.

chg
um dia,
vais me procurar

(terei partido.)

nesse dia, 
por mim, vais chorar

como choro
todo dia.


(terei sorrido)

chg
REPENTINAMENTE

como se não existisse tempo...

como se a vida fosse um separar de lábios...

(um piscar de olhos)

... e tudo, novamente, vem à tona

com a mesma sede
com a mesma fome

ah, sentimento impertinente
que não se cala, que não some

(teimas em me assombrar...
Depois, acalenta, e faz sonhar)

... é como se, na vida, somente me coubesse amar.


chg
não sou poeta
sou pessoa

não sou palavra
sou ser que ressoa


(minha escrita é religião,
é carne, é reza, é pão)

não sou poeta
sou pulsação

sou profeta

prego o calor das profundezas do coração.


chg
se não estais...

resta-me cuidar do jardim
e me confessar para os colibris.

chg
teus fantasmas
não hão de me afugentar


posto que tenho: 
... o corpo fechado
... a alma ungida do mais puro sentir.


chg
dia após dia
chorava
          sofria

um dia
morreu
          sorria...   ia.

chg
de tão repleto
sua poesia adormecia...

agora, vago
seus versos acordaram perdidos,          ... berravam.

chg

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

estar...
no céu
(da tua boca)

tem cor
azul mar

tem sabor
puro mel

(as línguas se devoram)

calor.



 

chg

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

IN, frio
OUT, calor

entranhas, amor 

p  e  n  e  t  r  o

a libido aflora
o verso, ereto

chg
sangro
nos olhos, um mar
onde tua  saudade
singra

chg
meu lado melhor
                não se evoca
                            não se cheira
                                        não se toca...

meu lado melhor
                é verso
                          é inverso
                                       é avesso...

meu lado melhor
                não é lado
                          não é lida
                                    é brado...

(ps: meu corpo é apenas onde tenho morado)

chg

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

se a "saldade"
é "saugada" 

tanto faz se o "L" muda de lado
... a alma já havia mudado...

chg
de tempo 
em tempo 
revisito-me

mudo coisas de lugar

um livro é lar definitivo
os versos 
(os meus)
são mutáveis, orgânicos

um livro é sepultura
(meu livro, minha vida)

uma página, a única, lápide
de datas e nome imutáveis

(quiçá resista à mão pesada do tempo quando eu for vento)

chg