Poeta:
de mundos, espião;
de vidas, guardião;
de almas, ladrão;
da morte, não...
... poeta, conhece a morte, não.
C.H.Gonçalves
quarta-feira, 30 de março de 2011
terça-feira, 29 de março de 2011
LÁGRIMA DE ORVALHOS
Ao passar,
percebi que ela sorria...- ainda vestida de orvalho -
para mim, ela sorria.
Enamorava-me...
Dourada pelo dia,
a branca flor
do meu amar, sorria...
C.H.Gonçalves
sexta-feira, 25 de março de 2011
MICROGRAFIAS
Micropoema I
m
cobrir minha carne quente
com tua seda áurea rosa
é mastigar a flor, enfiar o dente
lamber a boca fogosa
m
m
mIcropoema II
i
parabrisa cemitério:
foi sua última viagem;
sem muito mistério,
abandonou a paisagem...
i
i
miCropoema III
c
A língua estática na boca;
o líquido plásmico contido;
vontade suicida, louca...
de engolir o néctar proibido.
c
c
MicRopoemas IV
r
postulava o melhor futuro
enquant’um colibri beijava,
parado em cima do muro,
gotas da derradeira chuva...
r
r
MicrOpoema V
o
no ferro velho,
o idoso caminhão
parecia um cachorro
a definhar no chão...
o
o MicroPoema VI
p
palavra bruta;
matéria prima...
faca apontada
para o ventre de minha rima.
P
p MicropOema VII
o
o instante de eternidade
é quando a vida derrama
do cálice de fertilidade
e vai à boca de quem ama
o
o
MicropoEma VIII
e
bateu suave;
sem harmonia,
fim da borboleta,
ao meio dia...
e
e MicropoeMa IX
m
minha saudade recente
da lembrança-delírio causada
D’um amor eterno presente
no útero d’uma paixão passada
m
m
MicropoemA X
a
na escaldante estrada,
antes do ponto final,
a carreta que passava,
fazia cara de mal.
a
a
MicropoemaS XI
s
quê silêncio é esse?
sempre cala e acalma
este vazio que escorre
do buraco dess’alma...
s
s.
C.H.Gonçalves
domingo, 13 de março de 2011
FOBIA
O medo que tenho
do desconhecido...
medo das águas escuras
medo da rua estreita
medo das coisas futuras
medo da pessoa suspeita
Eu que tenho medo
de minha própria sorte...
... que ela seja a morte.
Matar ou morrer?
Sim, tenho medo...
... que me faça sofrer
ou
... que me traga prazer.
C.H.Gonçalves
do desconhecido...
medo das águas escuras
medo da rua estreita
medo das coisas futuras
medo da pessoa suspeita
Eu que tenho medo
de minha própria sorte...
... que ela seja a morte.
Matar ou morrer?
Sim, tenho medo...
... que me faça sofrer
ou
... que me traga prazer.
C.H.Gonçalves
sexta-feira, 11 de março de 2011
NICO
Com lata, pincel e tintas
como à página de papel
Nico com idéias bonitas
desejou tingir o céu
Ele sonhou pintar um rio
que em arco cortasse o ar
como a pipa segura ao fio
que corresse feliz pru mar
Mas sua altura era pouca
nem com escada alcançou
preencheu de tinta a boca
com espirro forte a lançou
Encheu de cores a vida
e enfermo caiu no leito
e fizeram nele ferida
quando negaram seu feito
Viu uma lágrima sem cor
e um mundo quase cego
sua existência sem sabor
a luz da insensatez, o ego
Cerrou seus olhos, sentiu
que o cegara a cor do céu
Dalto Nico, o mundo viu
vestido de um cinza véu.
C.H.Gonçalves
AOS ERUDITUS (prefiro ser Eros dito)
Vão aos cemitérios,
[dicionários de páginas lápides]
desencavam esquecidos defuntos,
acolhem as palavras esqueletos...
[a tempos sem o calor das velas]
... Fazem, das páginas, mesa branca
e evocam um mal assombrado eruditismo,
esses poetas ex rudis.
C.H.Gonçalves
[dicionários de páginas lápides]
desencavam esquecidos defuntos,
acolhem as palavras esqueletos...
[a tempos sem o calor das velas]
... Fazem, das páginas, mesa branca
e evocam um mal assombrado eruditismo,
esses poetas ex rudis.
C.H.Gonçalves
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