ARRITMIA
e eu,
e não somente eu,
dependo desta flor
deste músculo rubro
que badala em meu peito
[d e s c o m p a s s a d a mente]
esse senhor infame
deus de mim
n'um destes dias insalubres
[cova arde mente]
me lançará ao leito
de-finiti-vá-mente.
CHGonçalVES
quinta-feira, 24 de maio de 2012
quinta-feira, 17 de maio de 2012
terça-feira, 15 de maio de 2012
quinta-feira, 10 de maio de 2012
quarta-feira, 2 de maio de 2012
NA TEIA DA VIÚVA VIRGEM
... foi então que vi o anjo sorrir
sem mexer a boca
o olho não luziu
e quando comecei a partir
a repartir o esqueleto paralítico
a carne trêmula, de espasmos o vazio pariu ...
... foi então que segou-me o negrume da retina
da mórbida pérola no branco vazio alma
e já não não havia tempo
nem mesmo espaço
apenas o corpo ingênuo nu
bailando livre ao vento ...
... foi então que mastigou-me a pele
sabia que não a teria
era presa atada à teia
que quando a fome carnal consumia
era textura de pedra de mármore
dura, branca e fria ...
[... um frêmito percorreu-me a espinha
já era noite a luz do dia, ela não ria ...]
... foi então que corpos desnudos sumiram
restaram as gotas da penumbra da última nuvem
chovia
eram lágrimas, não chuva
era a contemplação da morte
do desejo do cadáver da viúva ...
... foi então que as palavras soltaram-se
em verbos versos dispersos
e a língua lâmina o silêncio cortou
e pousou no lúgubre leito
como se não houvesse jeito
no lençol imundo deitou ....
[... um rato enfiou-se no orifício
já não havia luz, ... pus. Sorriso? Difícil ...]
... foi então que o caminho afundou
o lugar era verdade
a mentira era o ser
e não importava se ninguém se importara
se queria morrer
meu rosto velho cansado, há pouco, calara ...
[... um rastro de vida escorreu pela fresta da porta
nada mais importa, sei seu olho não luziu, mas ela sorriu ...]
... só então pegou meu dinheiro e sumiu.
CHGonçalVES
terça-feira, 1 de maio de 2012
ESTIVE TÃO PERTO E NÃO TE ALCANCEI
... inerte
entre os braços da covardia
chorei.
era preciso tocar-te
ainda que a mão não alcançasse
parco esforço, relance
és melodia
rosa a desabrochar
nua, a luz do dia
sentir, sem tocar
talvez bastasse-me
se o sentir fosse matéria
se fosse jorro forte
puro sangue a derramar da artéria
não o é...
... é fruto da memória etérea
incapaz de tornar sonho matéria
... fico com gosto agridoce do néctar
pólen adormecido no canto da boca
... quando os corpos,
no passado presente,
roçavam-se em sede louca
... quando reduzia-se a dois
e a cama, depois
molhada parecia pouca
eras brilho na escuridão
e nessa distância, sinto
... teu perfume
... teu suor
... tua aura
e tudo se resume
: a uma saudade
: a infinita vontade
do que não vivi
pois, tu, sendo anjo,
é presença constante
não obstante
nas noites em claro
voas a mim
e alimenta-me de beleza
de um eterno doce raro.
CHGonçalVES
... inerte
entre os braços da covardia
chorei.
era preciso tocar-te
ainda que a mão não alcançasse
parco esforço, relance
és melodia
rosa a desabrochar
nua, a luz do dia
sentir, sem tocar
talvez bastasse-me
se o sentir fosse matéria
se fosse jorro forte
puro sangue a derramar da artéria
não o é...
... é fruto da memória etérea
incapaz de tornar sonho matéria
... fico com gosto agridoce do néctar
pólen adormecido no canto da boca
... quando os corpos,
no passado presente,
roçavam-se em sede louca
... quando reduzia-se a dois
e a cama, depois
molhada parecia pouca
eras brilho na escuridão
e nessa distância, sinto
... teu perfume
... teu suor
... tua aura
e tudo se resume
: a uma saudade
: a infinita vontade
do que não vivi
pois, tu, sendo anjo,
é presença constante
não obstante
nas noites em claro
voas a mim
e alimenta-me de beleza
de um eterno doce raro.
CHGonçalVES
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