segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

METÁFORAS DE MEU SOLO IX

ave mãe 
és penumbra 

teus vestes gris 
ornam versos vis

embalas - Oh, senhora de todo agouro - o sono torpe dos filhos teus

: meninos, prole de uma pátria que os pariu.

sonham o mar, o amor que lhes furtaram e que flutua

ave-mãe, cria-os em teu mar-ninho

(a onírica valsa menino, in veleiro marinho)

chg

METÁFORAS DE MEU SOLO X

a linha...
fez-me concreto 
a curva, frágil;
o mar, lágrima 

- incessante - 

eu: enchente & vazante ...

chg
quando o brilho cega os olhos 
quando o corpo é todo querer 
quando a boca encharca 
quando o peito aperta 
quando o ar falta

é hora de dizer que ama
é hora de gritar que quer 

pois se calo, 
falo que sou fria carne 
falo que o sonho é naufrago
falo que a vida é alma penada

e não há noite, nem dia
e tampouco música ou poesia 

não há flores, não há jardins 

há vazios 
imensuráveis, intermináveis vazios


(eu, a deriva nesse oceano de agonia)

chg 
há ausências que sufocam 
igualmente,
há presenças que sufocam 

há silêncios que gritam 
diferentemente,
há gritos que silenciam

entre aspas de frias paredes, na sala de estar ou não estar, 
há um ébrio, em vestes clown, em equilíbrio no fio tênue - e farpado - da dúvida.

chg