terça-feira, 30 de dezembro de 2014

HIPER REALISMO


A arte realista, ao contrário do que alguns estudiosos pregam, não é desprovida de emocionalidade. Mesmo usando temas, facilmente, identificáveis, quase sempre, mostram um olhar crítico do artista sobre a realidade expressa. 
Este movimento se utiliza de temáticas muito diferenciadas.  Chuck Close, por exemplo,  tornou-se famoso pelos retratos frontais, de grande dimensão, executados com a precisão de uma máquina fotográfica.
O hiper realismo também ocorre na escultura. John de Andrea foi um dos poucos escultores que fizeram parte do movimento, criando trabalhos em poliéster e fibra de vidro pintados que eram cópias fiéis da realidade.
Foi na década de 70 que a corrente hiper realista atingiu a Europa, mais notadamente à Inglaterra e a Alemanha, influenciando por pintores como David Hockney e Peter Klasen. 
A seguir, veremos as obras dos artistas: Diego Fazio (Itália), Jason de Graaf (Canadá), Robin Eley (Inglaterra), Ron Mueck (Austrália), Keng Lye (Singapura), Eric Christensen (EUA), Lynch Smith, Franco Clun (Itália)  e Gregory Thielker (EUA).


PINTURA

Diego Fazio




Jason de Graaf



Robin Eley



Keng Lye



Eric Christensen



Lynch-Smith



Gregory Thielker



Franco Clun



ESCULTURA

Ron Mueck





Imagens: http://hypescience.com/40-obras-hiper-realistas-que-voce-nao-vai-acreditar-que-nao-sao-fotografias/

domingo, 28 de dezembro de 2014

       um muro...

       um poema líquido
    de um ébrio anônimo   ...

( : digitais penianas, em versos de urina e limo. )

chg
CINCO POEMAS DE PAULO LEMINSKI


BIOGRAFIA RESUMIDA

Em 24 de agosto de 1944, na cidade de Curitiba, capital do estado do Paraná, nasceu Paulo Leminski. Seus primeiros poemas foram publicados, em 1964, na revista "Invenção". Trabalhou como redator de publicidade nas décadas de 70 e 80, período em que fez traduções de grandes mestres da literatura, dentre estes: James Joyce e Samuel Becktett. Foi ganhador do Prêmio Jabuti de Poesia, no ano de 1989, com o livro "Metaformose". Grande estudioso da literatura e da cultura japonesas, é considerado, ainda hoje, por muitos, o mestre dos haicais (poemas curtos de origem japonesa). Nos últimos 20 anos, vem influenciando o movimento literário do Brasil e do mundo. Paulo Leminski faleceu, no ano de 1989, em decorrência de uma cirrose hepática.


POEMAS

Não discuto

não discuto
com o destino
o que pintar
eu assino


Incenso fosse música

isso de querer ser 
exatamente aquilo 
que a gente é 
ainda vai 
nos levar além


Parada cardíaca

Essa minha secura

essa falta de sentimento
não tem ninguém que segure,
vem de dentro.
Vem da zona escura
donde vem o que sinto.
Sinto muito,
sentir é muito lento.


Sem título

Eu tão isósceles

Você ângulo
Hipóteses
Sobre o meu tesão

Teses sínteses

Antíteses
Vê bem onde pises
Pode ser meu coração



Se

Se 
nem 
for 
terra 
se 
trans 
for 
mar.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

havia um tempo... 

um tempo onde
toda terra era branco árido
toda vida era matéria gris
e todo sentimento era sombra...

naquele tempo
anjos rastejavam
cantos calararam
e estrelas, do céu, despencaram...

não havia cor
não havia som
não havia luz 

até que...

o homem que tateava sonhos
catou no vazio daquele mundo
uma gota de vida

uma lágrima: porção
que despencou dos olhos e inundou o chão
que percorreu a areia e devolveu o cheiro
e que semeou a cor, a luz, o amor...

foi quando percebeu
que era capaz de sorrir
e, pela janela de sua boca, saiu um ser que bailou a sua frente...

era uma borboleta
que dele fizera casulo
que floresceu em seu interior...

hoje, ele traz consigo, tatuada dentro do peito, a imagem da beleza, da deusa,
do anjo que lhe devolvera o brilho dos olhos.

Maria das Dores

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Daqui a pouco, será Natal, dia do nascimento de Cristo. Nas noites de natal, sou tomado por uma mistura de sentimentos. Juntos, em mim, entrelaçam-se alegria e tristeza. Alegria pelo conforto da família; tristeza pelas injustiças sociais. É o confronto entre ceia (a nossa) e fome (dos desamparados). Inevitavelmente, lembro do conto de Hans Cristian Andersen: A menina dos fósforos.
Desejo a todos e a todas um natal de paz e risos. Também, de reflexão sobre a vida, sobre as pessoas. Sobre a construção de um mundo onde todos possam celebrar, com uma boa ceia, o nascimento de Jesus.
Feliz Natal!
Clic no link abaixo para assistir ao conto.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

AOS AMIGOS QUE NUNCA VI

Resolvi me dedicar ao meu blog. A partir de hoje, irei postar não somente os meus escritos, mas as poesias e os textos de outros escritores, consagrados ou novos. Estive observando que pessoas de fora do meu país, o Brasil, acessam o "Jardim da Palavra", e isso me deixa , extremamente, feliz. Leitores dos EUA, Irlanda, Russia e Alemanha têm prestigiado o meu trabalho literário, fato que me deixa orgulhoso. São rostos anônimos que eu gostaria muito de conhecer. Recentemente, coloquei um tradutor em minha página, o que deverá facilitar o acesso aos meus versos por pessoas que falam  línguas diferentes do português brasileiro. Se você for um desses amigos estrangeiros, comente esse post. Ou melhor, inscreva-se em meu blog. 
Queria, desde já, desejar a todos e a todas um natal lindo e um ano novo com saúde, alegria e paz. 
Obrigado!

Carlos Henrique Gonçalves

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014


12 MELHORES POEMAS DE 2014 (OS MEUS, REVISITADOS)

... úmida manhã ...

o corpo, tomado pela manha,
                                         se espreguiça – intermitentemente

as hora traçam um caminha cíclico  -  pausado, sem pressa  -
gotas de céu pintam vitrais na janela

... fora, a vida é gris ...

(meço cada movimento)

um sentimento: saudade
um pensamento: a última tarde

(ardíamos)

as línguas se contorciam em cólera
à flor da pele, o desejo
a lua nos lambia  ... no silêncio, beijo

é meio dia.

(fora e dentro de mim, chove)

chg

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Assim como surgiu
                  sutil
                 sumiu                                 .

chg

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IDOLESCER (para Dona Orcinda)

Quero minha face cortada pelo tempo
Quero minha mãos trêmulas de lida
Quero os cabelos brancos refletindo tardes
Quero errar nomes e balbuciar profundezas do ser
Quero um olhar distante  - errante -  a contemplar amores idos
Quero meus delírios da idade  - sem vaidade -  a recitar  lembranças e saudades

Quero-me assim  - velho e enrugado- para contar bafos e causos que jurarei que vi

E, perto do fim,

Quero orgulhar-me do meu viver longevo e dessa minha envelhExcência.

chg

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“... deixe me ir ...

|         a monotonia do black  vinil ,  riscado pela agulha vil  , dá voltas e voltas
preenchido de ti   
                             vazio de mim
                                                    contemplo o infinito

a última lágrima secara ...

no rosto, teu toque; nos olhos, tua face; na boca, teu nome; na língua, teu gosto

(embriago-me na companhia de cartola)       |

                                                                             ... rir pra não chorar.”

chg

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TESTAMENTO

Se for para fazer a minha vontade, que seja assim a cerimônia do meu fim:

Minha urna mortuária
No salão do Chalé onde ousei sonhar
Abertas a imensas portas
Para que meu cadáver contemple o mar

Onde o sol se põe em mil cores
sessenta graus, inclinem-me
Ornem-me com todo tipo de flores
Vermelhas, de amor e crime

Palito branco, sapato all star
Celebrem com música a minha partida
Ladainha, rock e todo cantar
Depois da meia noite, uma boa  balada

Bebam meu corpo com vinhos, pães e queijos
Meus momentos como num filme de cinema
Risos em todas as faces; na minha, beijos
Lábios quentes em  rosto frio: derradeiro tema

Em meio a recitais, cantadores, putas e atores
Meu cortejo pela vias da vila que sempre me fez sorrir
Após, meu corpo alimentará a terra, sem dores
E serei, tão somente,  lembrança e saudade nesse partir

Não esqueçam que aos sonhos me dediquei
Que cantei, dancei e sorri
Que em cada um de vocês acreditei
Que  há sempre um chegar e um partir

Aos meus filhos, exemplos e conselhos que deixei
À  minha companheira, a certeza que  amei demais
À  minha mãe, o agradecimento pelo que fui e sei
Aos meus irmãos, a certeza de que ficarão em paz

Se for para fazer a minha vontade, nesse tempo que me resta: quero que o meu embarque  para a eterna cidade, não seja um adeus, mas um convite para minha infinita festa.
... se for párea fazer a minha vontade.

(roubo um fragmento do poeta  - adapatado -  : “imaginou-se poeta, sonhou e amou na vida”)

chg

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Caminhava para trás...

nas costas, um saco de seda bordado a mão
colhia histórias abandonadas - as suas
enxergava pelo canto dos olhos – só por eles...

... era incapaz de ver o que estava a sua frente

(sons, luzes, odores o perturbavam)

... era carne, ossos e fezes        .      Não tinha sombra ...

alimentava-se do que pisava

exalava o perfume do chorume
: o dejeto que era

não temia a morte
sequer ouvira falar de sua existência
a dama de preto o havia esquecido

tinha sono, mas não dormia

deitava  no chão
contemplava o voo das formigas
acreditava ser céu

ininterruptamente, sonhava com os olhos arregalados

buscava um mar de intenso azul onde foi batizado
abençoado pelo santo das tempestades, filho do vento
buscava um Eu perdido

buscava  o tempo.

(caminhava para trás     ...     para sempre)

Chg

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... e o que te ata à madrugada, amada?

Por que te seduzem esses sussurros no frio?
O que te satisfaz nessa nuvem gris?
Por que te atraem – e traem – esses corpos nus, mornos?

És feita da relva noturna que arde de tara, eu sei.

Por que te envolves à neblina quando eu - sol - desejo te queimar?

Porque és assim: cama quente e lençóis macios; pele seda e toques sutis.
Porque, amada, és madrugada.

chg

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não sou poeta, sei

        sou profeta
       
        promessa que se canta em versos
                      e se encanta em terços 

                           : palavra fé.

chg

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o mundo 
    mudo

         era osso
              fosso

indigente &
                       indecente
                                            deram-lhe as costas
                                                          as bostas

recitava
cantava

                 palavra 
             que  lavra  o mundo 
                              imundo

                que lava
                que leva

            . . .poeta vagamundo.


chg

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na ditadura do sucesso
proletário de dons pífios

| inanição & imbeleza |

há fracassos que me saciam
e que me enchem a barriga

me alimentam da mais bela pobreza.

chg

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enquanto vasculhas meus defeitos, cultivo tuas belezas.

chg

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vestes do tempo 

tecidos pelas mãos da aranha 

| ferrugem, mofo, memória |


história aprisionada na matéria em decomposição 


num canto escondido, 

o velho relógio revela ao sofá antigo um terrível segredo:

- O coito se deu naquela cama!


... relatos de um impune adultério, de um indigesto incesto.


(são tantas vidas na poeira do antiquário)


chg