LIÇÕES AO ENTARDECER
Um dia.
... Um dia, o peso do tempo desabará em tuas costas
... Um dia, o calor dos corpos abrirá caminhos em tua face
... Um dia, o fio afiado das noites em claro fará fissuras em tua carne
... Um dia, a poeira dos teus desertos será névoa em teus olhos
... Um dia, teu nervo exposto será a trepidação de tua mão
... Um dia, teu eco - vago, velho, vão - sufocará tua voz
... Um dia .
E nesse dia, ...
... quando a tempestade for calmaria
... quando os sonhos forem promessas vãs
... quando a tua imagem no espelho for Medusa
... quando a boca for resquício da saliva do último beijo
... quando a vida for um fio tênue; um elo entre a certeza e a dúvida,
saberás que só te restou um relicário de palavras - dispersas e empoeiradas -
saberás que só te restou uma fagulha de presente - instante agonizante -
saberás que só te sobrou uma meretriz: a dor... que, ao enternecer, ao teu lado,
contempla a lua de sangue que se ergue no firmamento...
Então, tua lágrima beijará o mar..:
exausto, em teu derradeiro cais, acenarás para o timoneiro da lúgubre nau
E partirás.
E, se ainda tens um riso a brincar - tímido - em tua tez longeva é porque amaste ...
... É porque - ainda que nada mais tenhas a oferecer -, reciprocamente, te amaram...
Amaram-te pelo que fora dado; pelo tanto que te doaste...
Amaram-te assim: intenso, simples, imenso...
Amaram-te sem nada pedir em troca.
(peixes coloridos brincam em tua alma límpida... )
Um dia.
chg
segunda-feira, 26 de dezembro de 2016
na penumbra do movimento, neblino...
sublimo o inexorável pensamento do beijo
é o meu tempo - passado - em contraste com tua imagem presente
o brilho do riso - registro da ínfima luz - é ente, agora, distante...
versos em contralto, singra - nas ondas do rádio - todo querer
vê-las, velas ao vento rumo à utopia...
fim do dia
os olhos orvalham.
(anjos existem...)
chg
sublimo o inexorável pensamento do beijo
é o meu tempo - passado - em contraste com tua imagem presente
o brilho do riso - registro da ínfima luz - é ente, agora, distante...
versos em contralto, singra - nas ondas do rádio - todo querer
vê-las, velas ao vento rumo à utopia...
fim do dia
os olhos orvalham.
(anjos existem...)
chg
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... agora, gotas de cristais deslizam na tez transparente ...
... melodia de chuva fina embala um sonho ébrio...
... do que restara do movimento etílico, a silhueta sublime - bruta poesia - é magia do único riso no baile de máscaras onde estivera...
| no mais, tudo espelhos |
... segue, singra o asfalto noir - pele úmida - ... e desafia o espaço e o tempo...
... na face, um sorriso desenhado, luz nesse fim de tarde gris...
... anoitece, enquanto sua alma amanhece...
... ser orvalho daquela rosa, foi o que mais quis.
(longe, a imagem do anjo pintado no alto concreto, líquido da carne-giz)
chg
... agora, gotas de cristais deslizam na tez transparente ...
... melodia de chuva fina embala um sonho ébrio...
... do que restara do movimento etílico, a silhueta sublime - bruta poesia - é magia do único riso no baile de máscaras onde estivera...
| no mais, tudo espelhos |
... segue, singra o asfalto noir - pele úmida - ... e desafia o espaço e o tempo...
... na face, um sorriso desenhado, luz nesse fim de tarde gris...
... anoitece, enquanto sua alma amanhece...
... ser orvalho daquela rosa, foi o que mais quis.
(longe, a imagem do anjo pintado no alto concreto, líquido da carne-giz)
chg
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