terça-feira, 1 de maio de 2012

ESTIVE TÃO PERTO E NÃO TE ALCANCEI

... inerte
entre os braços da covardia
chorei.

era preciso tocar-te
ainda que a mão não alcançasse
parco esforço, relance

és melodia
rosa a desabrochar 
nua, a luz do dia

sentir, sem tocar
talvez bastasse-me
se o sentir fosse matéria
se fosse jorro forte
puro sangue a derramar da artéria

não o é...

... é fruto da memória etérea
incapaz de tornar sonho matéria

... fico com gosto agridoce do néctar 
pólen adormecido no canto da boca

... quando os corpos, 
no passado presente,
roçavam-se em sede louca

... quando reduzia-se a dois
e a cama, depois
molhada parecia pouca

eras brilho na escuridão
e nessa distância, sinto

... teu perfume
... teu suor
... tua aura

e tudo se resume 
: a uma saudade
: a infinita vontade 
do que não vivi
pois, tu, sendo anjo,
é presença constante
não obstante
nas noites em claro
voas a mim
e alimenta-me de beleza 
de um eterno doce raro.

CHGonçalVES

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