ESTIVE TÃO PERTO E NÃO TE ALCANCEI
... inerte
entre os braços da covardia
chorei.
era preciso tocar-te
ainda que a mão não alcançasse
parco esforço, relance
és melodia
rosa a desabrochar
nua, a luz do dia
sentir, sem tocar
talvez bastasse-me
se o sentir fosse matéria
se fosse jorro forte
puro sangue a derramar da artéria
não o é...
... é fruto da memória etérea
incapaz de tornar sonho matéria
... fico com gosto agridoce do néctar
pólen adormecido no canto da boca
... quando os corpos,
no passado presente,
roçavam-se em sede louca
... quando reduzia-se a dois
e a cama, depois
molhada parecia pouca
eras brilho na escuridão
e nessa distância, sinto
... teu perfume
... teu suor
... tua aura
e tudo se resume
: a uma saudade
: a infinita vontade
do que não vivi
pois, tu, sendo anjo,
é presença constante
não obstante
nas noites em claro
voas a mim
e alimenta-me de beleza
de um eterno doce raro.
CHGonçalVES
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