quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

ainda que me empenhe para colocar para fora
o ácido se acumula em mim, me enche de cólera
faz os olhos ferverem, o peito apertar e a boca secar

sinto como se estivesse deitado em meu fúnebre leito
com o corpo esquálido e carcomido
como se me restasse apenas uma porção de ar

não há forças nos braços
nem grito na garganta
há um desejo da alma de abandonar a carne

teimo em não reagir
em ficar imerso nas sombras que me assombram
no buraco em que me escondo e que me devora

minhas ruínas são feitas de frustrações
loucuras, berros e uma intermitente escuridão
feitas das cinzas de um fênix que morreu no ventre

os corvos me contam suas aventuras amorosas

... eu tenho sono.

(perdera seu punhado de sonhos na última queda)

chg

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