domingo, 15 de janeiro de 2017

a pele tem pesado, é fato.

cada vez menos, desperto o desejo de quem tenho desejo

cada vez menos, minha face atrai lábios que saciem minha sede de beijo

cada vez mais, escondo meu riso por trás dessa carne marcada pelo tempo

cada vez mais, recolho-me em pensamentos sobre minhas andanças e as feridas do vento

bom seria se o tempo - esse martelo impiedoso, de meu corpo, algoz - ao invés de enrugar a minha matéria, a tornasse transparente, límpida, translúcida ...

assim, poderias - amor - contemplar a exuberância de minha alma...

assim, saberias - amor - que o mesmo tempo que me corrói as carnes tem esculpido o que de melhor posso ofertar-te: o que sou.

chg

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