segunda-feira, 24 de outubro de 2011

À PUTA QUE PARIU

A puta que pariu
as letras,
cuspiu...
criança sem choro,
dormiu...

... dor não sentiu.

Da jeito que a puta pariu,
a palavra sucumbiu...
em lágrimas, a vida saiu
a metáfora sumiu...

E perguntaram:

Quem chora o filho da puta,
da criatura inculta?

Nenhuma lágrima imputa
à mulher
da vida,
da lida,
da luta...

E disseram:

- Puta poeta?
Porra nenhuma afeta...
- Tinta e caneta?
Coisa alguma resta.

E justificaram:

- Puta
sem exclamação, fodida
sem parágrafo, ferida
sem interrogação, atada
com furor, estuprada...

A Puta que pariu poesia
sem vida, nem harmonia
sem antítese, nem melodia...
é defunto a luz do dia...

Puta Poema
não tem perdão
nem compaixão...

... É corpo no caixão
poesia no oratório
reza sem velório.

CHGonçalVES

Nenhum comentário:

Postar um comentário