sexta-feira, 7 de outubro de 2011

PODEROSO CELULAR

Consegui, finalmente, um acento no ônibus (um lugar onde o sol não iria me queimar a tez)... Abri minha mochila, peguei meu Gabriel Garcia Marques e, quando ia imergir em Cem Anos de Solidão, eis que surge um cidadão e se coloca ao meu lado, com o celular ligado a todo volume, na direção de meus sofridos ouvidos, tocando uma música que detesto... Foi inevitável a elevação do canto da minha boca em discordância com atitude daquele "DJ Móvel"... Olhei-o nos olhos, derramando sobre ele meu descontentamento. Foi inútil, estava muito orgulhoso de sua preferência musical... Isso já havia ocorrido comigo outras vezes, mas, diferentemente, das vezes anteriores, eu estava preparado para esse tipo de situação desagradável... Performaticamente, tirei um protetor auricular de meu bolso, olhei fixo para o imbecil com o celular barulhento, sorri e enfiei a proteção, com todo carinho, no orifício de minha orelha... Naquele momento, senti que Gabriel Garcia Marques se orgulhou de mim.

CHGonçalVES

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