terça-feira, 6 de maio de 2014

TESTAMENTO

... se for para fazer a minha vontade
que seja assim a cerimônia de meu fim

minha urna mortuária
no salão do Chalé onde ousei sonhar
abertas as imensas portas
por onde contemplarei o mar

lá, onde o sol se põe mais belo
inclinem-me quarenta e cinco graus
ornem-me com todo tipo de flor
desde que sejam vermelhas, símbolos do amor

vestido de branco e nos pés all star
celebrem com música minha ida
de início, cânticos religiosos, clássicos...
mas, a meia noite, rolem balada

anos 80 regados a vinho, pães e queijos
meus momentos exibidos como num cinema
neste instante, quero risos nos rostos e no meu, beijos
momento quente, meu corpo frio, ... um dilema

não esqueçam que me doei e sonhei
lembrem de como vivi e sorri
lembre do quanto acreditei nas pessoas
lembrem que toda vida tem um chegar; também, um partir

em meio a recitais, cantadores, putas e atores
o cortejo percorrerá as vielas da vila que sorri
para, depois, meu corpo alimentar o solo que me pariu
então, existência será lembrança de tudo que vivi

aos meus filhos, conselhos
a minha esposa, a certeza que foi quem mais amei
a minha mãe, o agradecimento pelo que fui
aos meus irmãos, a confissão de que deles nunca me separei

aos amigos os momentos, felizes e tristes, chorados e sorridos

... se for para fazer minha vontade
que seja assim os últimos momentos de minha existência
no pouco que me resta, que minha partida seja uma linda festa.

(roubo um fragmento do poema de Aluízio de Azevedo (adaptado sem sua autorização): "quis ser poeta, sonhou e amou na vida...")

chg

PS1: por amar a vida nunca atentarei contra ela
PS2: a saúde vai bem, obrigado
PS3: estou atento aos perigos da vida
PS4: pensar na morte me afasta dela e me faz sentir vivo
PS4: Planejo viver até 100 anos

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