sábado, 2 de abril de 2011

VAZANTE

Minha poesia saíra sem esforço,
no momento certo, como um corpo ereto...
Não espremerei nenhuma palavra.

Da palavra não dita, encontrarei refúgio;
estágios de torpor e cólera:
um parto sem dor, sem amor.

Minha poesia vazará de mim...
Não como rios que correm para o mar.
Mas como o cuspe do bêbado que,
engatado à boca, balança no ar.

Deixarei-a na língua, encharcada de vida,
desejosa de mundos e corpos desnudos...
De pessoas, amores, rancores.

Cada palavra escorrerá assim
inconstante, inquieta
                            - sem mágoa ou rancor -
                                                                 emergirá - amor -
                                                                                             das profundezas de minha dor.

C.H.Gonçalves

Nenhum comentário:

Postar um comentário