Minha poesia saíra sem esforço,
no momento certo, como um corpo ereto...
Não espremerei nenhuma palavra.
Da palavra não dita, encontrarei refúgio;
estágios de torpor e cólera:
um parto sem dor, sem amor.
Minha poesia vazará de mim...
Não como rios que correm para o mar.
Mas como o cuspe do bêbado que,
engatado à boca, balança no ar.
Deixarei-a na língua, encharcada de vida,
desejosa de mundos e corpos desnudos...
De pessoas, amores, rancores.
Cada palavra escorrerá assim
inconstante, inquieta
- sem mágoa ou rancor -
emergirá - amor -
das profundezas de minha dor.
C.H.Gonçalves
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