segunda-feira, 29 de agosto de 2011

NA LÍNGUA DO COLIBRI


lambes os beiços, de desejo, agora?


se não te devoro
devora-me a tara


Deixa uma gota de saliva 
e te sorverei com a ponta da língua
tal qual um colibri enternecido
embrigado de amor
solitário, a míngua


E se me dizes:
- ai, doce poeta, me lambesses assim, 
tão sutilmente quanto falas, 
me levarias a alma, aos sórdidos devaneios, 
contorcionismos entre sedas e galanteios...


E se te beijasse: 
em cheio 
na flor mais desejada, 
levar-te-ia as nuvens, 
sem mesmo teres asas.


CHGonçalves
Kiro Menezes 

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