quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Os 100 melhores do Século 21 (até agora) - Filmes Estrangeiros

Dez filmes estrangeiros fundamentais

1 - Dogville, de Lars Von Trier (2003). 

Partindo de uma situação singela, o dinamarquês Lars Von Trier construiu uma das parábolas mais originais sobre a sociedade norte-americana, vista como uma rede cruel de relações de dominação. No enredo, uma jovem forasteira (Nicole Kidman), perseguida por gângsteres, busca refúgio em um vilarejo próximo às Montanhas Rochosas dos Estados Unidos, na época da Grande Depressão. Todo o filme se passa num único cenário, um enorme palco sem paredes, com marcações no chão que representam objetos e lugares. A inusitada forma antinaturalista da encenação potencializa o olhar crítico do cineasta.

2 - Cidade dos Sonhos, de David Lynch (2001). 

Nesse longa-metragem perturbador, de narrativa elíptica, uma garota sonhadora (Naomi Watts), recém-chegada a Hollywood, acolhe uma mulher (Laura Harring) que perdeu a memória depois de um acidente. Sequências desconexas, apoiadas numa densa atmosfera de mistério, embaralham personagens e situações, colocando em xeque as noções de sonho e vigília, de real e imaginário. Uma brilhante reflexão do diretor norte-americano sobre as crises de identidade que atormentam o homem contemporâneo.

3 - O Pântano, de Lucrecia Martel (2001).

O filme de estreia da cineasta argentina evidencia seu talento para a observação sutil das relações humanas e das pulsões contraditórias dos indivíduos. Entre relações decadentes e o desconforto de um intenso verão, duas famílias convivem numa casa próxima a um pântano. A embriaguez (alcoólica ou não) dos personagens é traduzida em movimentos de câmera muitas vezes desconfortáveis, que incorporam tropeços, e acentuada pelos ruídos que se sobrepõem às falas. O clima geral de pasmaceira e inconsequência foi visto como uma metáfora da Argentina.

4 - Os Sonhadores, de Bernardo Bertolucci (2003).

Enquanto os incêndios e as barricadas das revoltas estudantis agitam as ruas de Paris em maio de 1968, três jovens vivem um insólito triângulo amoroso e mergulham em jogos eróticos e intelectuais. O italiano Bertolucci­ transforma o relacionamento entre um estudante norte-americano e dois irmãos anglo-franceses no núcleo narrativo de todo um contexto cultural, promovendo a intersecção entre política, arte e sexualidade. Uma visão crítica e amorosa do sonho utópico de mudar o mundo e transformar o homem.

5 - Elefante, de Gus Van Sant (2003).
O norte-americano Gus Van Sant traça nesse filme um retrato cruel da juventude como um momento de incompreensão e incompletude. Toda a trama gira em torno de um colégio dos Estados Unidos onde dois alunos promovem um assassinato em massa de colegas e professores. As chacinas reais ocorridas em Columbine e outras escolas do país serviram de inspiração para o diretor. A narrativa, fragmentada no olhar subjetivo de cada personagem, confere veracidade à trama e rendeu a Van Sant a Palma de Ouro em Cannes.

6 - Tio Boonmee, que Pode Recordar Suas Vidas Passadas, de Apichatpong Weerasethakul (2010). 

À beira da morte, Boonmee recebe o fantasma da esposa e vê o filho metamorfoseado em símio. O diretor tailandês faz do realismo fantástico matéria-prima da vida cotidiana.

7 - Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino (2009).Durante a Segunda Guerra Mundial, na França ocupada, judeus norte-americanos especializados em caçar e escalpelar nazistas planejam matar o próprio Adolf Hitler. Audacioso, o diretor norte-americano inverte os papéis e transforma vítimas em algozes. 

8 - Vincere, de Marco Bellocchio (2009).

O cineasta italiano investiga o fascismo através do drama de Ida Dalser, amante de Benito Mussolini. Entre a história e a ficção, o personagem do ditador (Filippo Timi) é aos poucos substituído por imagens reais do tirano. Impressionante.

9 - Ponto Final - Match Point, de Woody Allen (2005). 

Um ex-tenista se apaixona pela namorada do amigo rico e precisa optar entre a paixão e o dinheiro. Nesse competente suspense do diretor nova-iorquino, escolhas mundanas e questões metafísicas interferem em igual medida na vida dos personagens.

10 - Caché, de Michael Haneke (2005).

Apresentador de talk-show encontra na caixa de correio vídeos com imagens roubadas de sua vida privada. Exemplo precioso do chamado "cinema da crueldade", em que o alemão Haneke sobrepõe a violência psicológica à física.
Consultores: Cássio Starling Carlos, crítico, curador e pesquisador da história do audiovisual; Ismail Xavier, professor de cinema na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo; José Geraldo Couto, crítico, tradutor e colunista da Folha de S.Paulo; Ricardo Calil, diretor de redação da revista Trip, crítico e codiretor do documentário Uma Noite em 67

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