sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

POEMAS DE MÁRIO QUINTANA

BREVE BIOGRAFIA

Nasceu na cidade de Alegrete, no Rio Grande do Sul, no dia 30 de julho de 1906,  filho de Celso de Oliveira Quintana e de D. Virgínia de Miranda Quintana. 

Produziu seus primeiros trabalhos no Colégio Militar de Porto Alegre,  no ano de 1919. Empregou-se na Livraria do Globo, onde trabalhou por três meses com Mansueto Bernardi. 
Teu seu conto A Sétima Personagem premiado em concurso promovido pelo jornal Diário de Notícias, de Porto Alegre.

 
Trabalhou na redação do "O Estado do Rio Grande" , na "Revista do Globo" e no "Correio do Povo"que publicaram seus poemas. Atuou como tradutor na Editora Globo, onde traduziu as obras de escritores estrangeiros, dentre estes: Fred Marsyat, Charles Morgan, Rosamond Lehman, Lin Yutang, Proust, Voltaire, Virginia Woolf, Papini e Maupassant.

Organizada por Rubem Braga e Paulo Mendes Campos, foi publicada, em 19966, sua Antologia Poética pela Editora do Autor - Rio de Janeiro. 

Pelo conjunto de sua obra, Mário Quintana, em 1980, recebeu o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras.

Mário Quintana faleceu em 1994 em Porto Alegre. Encontra-se sepultado no Cemitério São Miguel e Almas em Porto Alegre. Em 2006, no centenário de seu nascimento, várias comemorações foram realizadas no estado do Rio Grande do Sul em sua homenagem.

Sobre a morte, escreveu o poeta:

"Amigos não consultem os relógios quando um dia me for de vossas vidas... Porque o tempo é uma invenção da morte: não o conhece a vida - a verdadeira - em que basta um momento de poesia para nos dar a eternidade inteira"
.

E, brincando com a morte: "A morte é a libertação total: a morte é quando a gente pode, afinal, estar deitado de sapatos".


POEMAS

Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso

Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)

E talvez de meu repouso...


Poeminho do Contra

Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão…
Eu passarinho!



Bilhete
 
Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...

 

Relógio

O mais feroz dos animais domésticos
é o relógio de parede:
conheço um que já devorou
três gerações da minha família.


Envelhecer

Antes, todos os caminhos iam.
Agora todos os caminhos vêm
A casa é acolhedora, os livros poucos.
E eu mesmo preparo o chá para os fantasmas.



Das utopias
 
Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!



Os poemas

Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês. Quando fechas o livro, eles alçam voo como de um alçapão. Eles não têm pouso nem porto; alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias, no maravilhado espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti...

Nenhum comentário:

Postar um comentário