segunda-feira, 29 de outubro de 2012


CADÁVER NA TRINCHEIRA

... - deixe-me só!

acuado
no canto
na fossa desse desencanto
meu gemido não fora sentido
(protesto retido)

... nada mais faz sentido

magoado
meu canto
é mergulho no mar de lama
(lamúrias)
nas minhas profundezas abissais

... nada mais faz sentido

enclausurado
ao chão
(que não piso)
a rubra bandeira acolhe a pele
no frio insalubre recanto

... nada mais faz sentido

[... as penumbras se avolumam, crescem, latejam e me envolvem por completo fazendo-me alimento dos vermes, a carniça de um sonho apodrecido, d'um mundo utópico onírico carcomido ...]

... nada mais faz sentido...

... não me sinto, logo não existo.


(quisera, eu, ter sido)

- não me deixe! ...


(chgonçalves)

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