A SALIVA DOS BATRÁQUIOS
eu, impedido de imersões
... ao insalubre bar dos ébrios
... ao lúgubre recinto das putas
... ao fúnebre leito dos suicidas
fecundo-me em convulsões
crio e recrio personagens depositários
: de dores não sofridas
: de amores não vividos
: de odores das feridas
que vão ao âmago tal qual supositórios
dramaturgo de mim mesmo
formulo diálogos, monólogos, solilóquios
fontes de poemas infames, ínfimos
- sou saliva dos batráquios!
fraturo o êxtase
lanço-me ao limbo
sapo que festeja a lama
alimento-me do limo
e se falecem os protagonistas
e se falassem meus analistas
diriam:
que me faço verso
que renasço verbo
na intimidade de meu reverso.
CHGonçalVES
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