domingo, 17 de junho de 2012

A SALIVA DOS BATRÁQUIOS

eu, impedido de imersões
... ao insalubre bar dos ébrios
... ao lúgubre recinto das putas
... ao fúnebre leito dos suicidas
fecundo-me em convulsões

crio e recrio personagens depositários
: de dores não sofridas
: de amores não vividos
: de odores das feridas
que vão ao âmago tal qual supositórios

dramaturgo de mim mesmo
formulo diálogos, monólogos, solilóquios
fontes de poemas infames, ínfimos
- sou saliva dos batráquios!

fraturo o êxtase
lanço-me ao limbo
sapo que festeja a lama
alimento-me do limo

e se falecem os protagonistas
e se falassem meus analistas

diriam:
que me faço verso
que renasço verbo
na intimidade de meu reverso.

CHGonçalVES

Nenhum comentário:

Postar um comentário