Une-te:
corpo ao crânio
ombro ao queixo
ser à alma
vida ao sonho...
- PERCO A CABEÇA!
D’onde, água, derramas
D’onde vazas lágrimas
D’onde cios são chamas...
Curva-te:
linhas suaves, alegres, saudáveis
contemplativo
caminho...
- PERCO A CABEÇA!
no trajeto ao ofertório
na via jugular
na lápide-pergaminho
no teu precioso ninho...
Sigo-te:
por entre meios
por lábios
que levam
aos seios,
à luxúria e anseios...
- PERCO A CABEÇA!
nesses mistérios
perfume de fêmeas
essências, sabores
licores etéreos...
Deixo-te:
pêlos eriçados
arrepio, suspiros...
- PERCO A CABEÇA!
ao despir-te, ao despir-me
tua forma perfeita
em refeita textura
a passagem estreita
fio, tessitura
calor da minha língua
espera, espreita...
Sufoca-me:
a parte delgada
do tronco; no pólo
na lágrima salgada
da carne sangrada
fecundo solo
pele embriagada
- PERCO A CABEÇA!
se me faço colo...
Acalma-me:
teu templo alado
profano, calado
vestido de pêlos
despido o sagrado
entre cabelos
longos, curtos, inteiros...
- PERCO A CABEÇA!
em sussurros e apelos...
Louvo-te:
ser vertebrado
pois vivo por ti
ser maldito, acuado
rei do calor
senhor do pecado
- PERCO A CABEÇA!
com o dente encravado...
Fim
Se te quebro o osso...
Fim
se te lambo o caroço...
Perco a cabeça
Se te sugo, PESCOÇO.
C.H.Gonçalves
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