segunda-feira, 4 de julho de 2011

- SUGA-ME!

Une-te:
corpo ao crânio
ombro ao queixo
ser à alma
vida ao sonho...
- PERCO A CABEÇA!
D’onde, água, derramas
D’onde vazas lágrimas
D’onde cios são chamas...

Curva-te:
linhas suaves, alegres, saudáveis
contemplativo
caminho...
- PERCO A CABEÇA!
no trajeto ao ofertório
na via jugular
na lápide-pergaminho
no teu precioso ninho...


Sigo-te:
por entre meios
por lábios
que levam
aos seios,
à luxúria e anseios...
- PERCO A CABEÇA!
nesses mistérios
perfume de fêmeas
essências, sabores
licores etéreos...


Deixo-te:
pêlos eriçados
arrepio, suspiros...
- PERCO A CABEÇA!
ao despir-te, ao despir-me
tua forma perfeita
em refeita textura
a passagem estreita
fio, tessitura
calor da minha língua
espera, espreita...


Sufoca-me:
a parte delgada
do tronco; no pólo
na lágrima salgada
da carne sangrada
fecundo solo
pele embriagada
- PERCO A CABEÇA!
se me faço colo...

Acalma-me:
teu templo alado
profano, calado
vestido de pêlos
despido o sagrado
entre cabelos
longos, curtos, inteiros...
- PERCO A CABEÇA!
em sussurros e apelos...


Louvo-te:
ser vertebrado
pois vivo por ti
ser maldito, acuado
rei do calor
senhor do pecado
- PERCO A CABEÇA!
com o dente encravado...

Fim
Se te quebro o osso...

Fim
se te lambo o caroço...

Perco a cabeça
Se te sugo, PESCOÇO.

C.H.Gonçalves

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