segunda-feira, 9 de junho de 2014

...

caminhava para trás 

nas costas, um saco de seda bordado à mão 
colhia histórias passadas - as suas
via pela canto dos olhos - e somente por eles

nada que estava a sua frente enxergava
sons, ruídos, luzes fortes o perturbavam
era carne e osso, ... não tinha sombra

alimentava-se das sobras do que pisava
exala perfume e chorume
produtos dos fragmentos do que vivera

não temia a morte
a dama de preto o havia esquecido
tinha sono, mas não conseguia dormir

deitava no chão
e contemplava o céu
e suas cores
e sua formas

infinitamente

caminhava para trás...

buscava um mar onde havia se banhado
um azul intenso que se misturava ao vento
buscava o que havia perdido

buscava o tempo.

(caminhava para trás, ... para sempre)

chg

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