A CÓPULA DOS ASTROS
E
... quando a viu:
seu coração avolumou-se
e se pôs a crescer
(incessante ser)
e, imenso, fez-se sol
iluminado a escuridão: luz, fogo, paixão
e queimou a carne
pulsou o músculo vão
foi líquido, rio em profusão
e brava correnteza
inflou veias e artérias
corpos, massas, matérias
e fez suar, fez cegar
decretou o fim do amar
prenúncio do derradeiro luar
Não viu...
não viu que o astro rei
em sua fúria paixão
destroçou a alma-lua feito furacão
e a aura-branda-brisa
dama vestida de seda fina
apequenou-se, cerrou retina
e já não era templo do ser
era partícula a bailar no ar
átomo do que fora o amar
e recordou dos tempos idos
quando era equilíbrio de seres
harmonia, suavidade das cores
e no ápice do eclipse
desejou que não fosse total
suplicou ao sol paixão: - Cesse o beijo fatal!
...
no infinito universo vil
era uma vez uma lua de nome amor
que se encantou por um sol paixão
e num eclipse que nunca se viu
instalou- se a escuridão
eternamente sutil ...
chg
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